Os feitos são inúmeros e são mais conhecidos em Salvador e no Recôncavo Baiano, onde o colonialismo português, a escravidão de negros africanos e a influência dos indígenas, deixaram marcas atuais que vão da arquitetura e religiosidade, à culinária e manifestações culturais diversas. Mas no interior do estado, mais precisamente no extremo da Chapada Diamantina, a história também permanece viva e é um forte atrativo turístico e cultural.
Em Rio de Contas, a 738 quilômetros de Salvador, essa história começa no final do século 17, quando a região servia de refúgio para os escravos e fazia parte da rota dos bandeirantes, que chegavam em busca do ouro abundante por ali.
A cidade fica na posição oposta a Lençóis, então berço da mineração de ouro, esmeraldas e diamantes, e acabou se integrando ao Ciclo do Ouro, que durou até o início do século 19 e deixou como heranças um conjunto de construções coloniais preservadas, ruas com calçamento de pedra e até um trecho da Estrada Real, caminho por onde o metal era escoado.
Rio de Contas tem um Centro Histórico que reúne 600 prédios coloniais, além da igreja de Nossa Senhora de Santana, toda em pedra, e é considerado como um dos conjuntos de relíquias arquitetônicas dos mais importantes da Bahia. O local já serviu como cenários para as filmagens de Abril Despedaçado, do diretor Walter Salles.Com seu imenso acervo de cerca de 600 prédios tombados entre eles, o da prefeitura e o Teatro São Carlos, ambos no largo do Rosário; e a Casa de Câmara e Cadeia, atual Fórum; além da matriz Santíssimo Sacramento e a igreja de Nossa Senhora de Santana, toda de pedra, Rio de Contas possui uma Estrada Real que ainda guarda as características do período do Ciclo do Ouro.
Percorrer a Estrada Real é uma verdadeira viagem no tempo. São quatro quilômetros de caminhada por uma trilha de pedras construída no século 18, para o transporte de ouro. A aventura dura cerca de três horas e deve ser acompanhada por guia. Com um clima ameno, por causa da sua altitude de mais de 1.200 metros e por estar cercada de montanhas e nascentes, e ainda, por sua natureza exuberante.
Um convite à contemplação – Antes de tudo, Rio de Contas, com seu imenso casario colonial é um convite à contemplação, da história e da natureza. São centenas de espécies de flores e plantas, além de paisagens perfeitas. Um dos destaques é o Pico das Almas, com quase dois mil metros e que descortina belíssima vista da Chapada Diamantina, com seus grandes vales verdes recortados por rios, montanhas e pedras.
Um ponto imperdível na visitação é o Rio Brumadinho, que com suas cachoeiras já pode ser observado da estrada que dá acesso á cidade, onde uma queda d`água de 70 metros de altura funciona como um belo cartão de visita. Outra cachoeira é a do Fraga, que tem duas quedas e ótimas piscinas para banho, localizada perto da cidade e de fácil acesso de carro.
Para os que preferem ficar na visitação da parte histórica da cidade, vale conhecer o artesanato produzido em Rio de Contas. Os trabalhos mais interessantes são as mandalas, feitas em pedra e pintadas à mão. E tem ainda objetos de decoração feitos em madeira, metal e barro; bordados e muita cachaça!