Na Bahia tudo segue um padrão diferente. Até mesmo na religiosidade. Para muitos turistas e até mesmo para boa parte dos baianos, o Senhor do Bonfim (ou Oxalá no sincretismo religioso) é a divindade padroeira do estado. E a festa da Lavagem do Bonfim, na segunda quinta-feira de janeiro, é a devoção àquele que zela pelos destinos dos baianos.
O que muitos não sabem é que a padroeira, e não padroeiro, da Bahia e dos baianos, é Nossa Senhora da Conceição da Praia, e a sua igreja não fica no alto da Colina Sagrada, na Península de Itapagipe, mas sim na parte baixa do Centro Histórico de Salvador, ao lado do Elevador Lacerda, e defronte à Rampa do Mercado Modelo e ao Forte de São Marcelo.
A festa da devoção , ao contrário do Bonfim, não tem lavagem, e o cortejo não percorre oito quilômetros, mas sim um curto espaço, entre o adro da igreja e algumas ruas do bairro do Comércio. A semelhança, contudo, está na religiosidade sincrética dos baianos. As missas contam com a participação de baianas tradicionalmente trajadas. E Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos Católicos, é Oxum, orixá cultuado pelas religiões de matrizes africanas, senhora da beleza e do amor.
O santuário – Sem o mesmo glamour de visitação que a Basílica do Bonfim, a Basílica da Conceição da Praia é um dos monumentos arquitetônicos. De 1623, e reformada nas feições atuais entre 1739 e 1849,é uma das construções mais antigas na Bahia e no Brasil. Sua construção seguiu o modelo de pré-fabricação das peças em Portugal e depois trazidas ao Brasil para serem montadas. Sua fachada é em pedra de Lioz, que chegou ao Brasil em pedaços separados e numerados.
O projeto foi desenvolvido em Portugal e sua atual construção, em estilo barroco, foi feita peça por peça, coladas com óleo de baleia e cujo término dos trabalhosa cerca de 300 anos, envolvendo três gerações de artesãos. Em 1946, foi elevada a Sacrossanta Basílica, quando o Papa Pio XII declarou Nossa Senhora da Conceição Padroeira única do Estado da Bahia.
No seu interior abriga também um imenso patrimônio artístico, em especial, a pintura do teto, em estilo ilusionista, de José Joaquim da Rocha (1772). A imagem de Nossa Senhora da Conceição é do artista Domingos Pereira Baião (1855). O belo retábulo do altar-mor é de João Moreira do Espírito Santo, de 1765 a 1773.
Costumes e tradições – Atualmente, a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia celebra a festa de Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro, a principal solenidade. A solenidade está ligada à própria história de Salvador e trata-se de uma devoção dos primeiros momentos do Brasil. A Basílica também integra a procissão da festa de Bom Jesus dos Navegantes, no Dia de Ano Novo, organizada pela Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, e das procissões de São Francisco Xavier e de Corpus Christi. O dia 8 de dezembro foi oficializado como o Dia da Padroeira da Bahia em 1854.