Imagine andar por ruas calçadas em pedras “cabeça de negro” em ruas estreitas, com casas decoradas e floridas. Não, não é nenhuma rua de uma cidade medieval da Europa. O clima é quente e a tarde oferece um dos mais belos pôr do sol do lado de cá do Atlântico. Nesse lugar, perto de tudo e da efervescência de um grande centro urbano, anda-se despreocupado e pode-se parar no meio da rua para tirar fotografias, apreciando no detalhe das casas em fachadas coloniais e ao final, com o sol se pondo, se debruçar em uma varanda e ter uma ampla visão da Baía de Todos os Santos.
No bucólico bairro do Santo Antônio Além do Carmo, um pedaço da Salvador antiga, entre o Pelourinho e o Barbalho, estão ruas estreitas e calçadas em paralelepípedos ou em pedras “cabeças de negro”, casas com alpendre, sótão e porão, igrejas dos séculos XVII e XIII e um ambiente de cidade do interior em pleno centro de Salvador.
Totalmente recuperado, o bairro possui todas as ruas calçadas, com passeios em piso táctil, bem iluminado “a noite e policiado, o que garante a tranquilidade dos turistas. É um ótimo cenário para os amantes da fotografia, pois ali estão casarões coloniais ainda habitados pelos moradores do bairro, que se formou junto com a própria existência do Pelourinho e do Carmo, dois bairros que no século XVIII eram os limites de Salvador antiga.
Comece então a fazer esse tour e se surpreenda: de bermuda, saia, camiseta ou blusa leve. Boné ou chapéu. E não esqueça, o celular (ou máquina fotográfica) para registrar o cenário.
Largo de Santo Antônio – Se a igreja do mesmo nome estiver aberta, vale uma visita, mas caso contrário, ande pela Rua Direita e siga em direção ao Pelourinho. Ande devagar, olhando as casas em estilo colonial (cada uma mais trabalhada que a outra) dos dois lados da rua. Ao chegar à Ladeira do Boqueirão, se surpreenda com a Igreja de Nossa Senhora do Boqueirão, que dá defronte à ladeira, toda calçada em pedra “cabeça de negro”.
Rua Direita – Você vai ficar tentado a entrar em um daqueles becos estreitos que mal dá para passar um carro, mas esqueça. Permaneça na rua Direita do Santo Antônio e siga em direção a um pequeno largo à frente, onde um monumento erguido bem no meio da rua vai te chamar atenção, a “**Cruz do Paschoal”.
Plano Inclinado – Se quiser ir até a Cidade Baixa esse é o melhor caminho. Os dois bondinhos são bem antigos e descem lentamente a encosta entre o Santo Antônio e o bairro do Comércio. Embaixo, contudo, a melhor opção, caso se queira visitar a igreja de Santa Luzia do Pilar (Sec. XVIII – 1718), o melhor é fazer em grupos maiores e durante o dia.
Escadaria do Passo – A referência é o filme O Pagador de Promessa, mas o local abriga a Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, construída em 1736. O templo é uma joia de grande valor arquitetônico, construído em um terreno de forte declive, com planta das igrejas baianas do início do século 18, com corredores laterais, tribunas e coro no pavimento superior.
Ao lado da igreja fica a casa onde residiu, por muitos anos, o poeta Castro Alves.
Café, cerveja e pôr do sol – O Cafelier do Carmo é a referência, mas existem boas opções de restaurantes e barzinhos, entre o Santo Antônio e o Carmo. O Cafélier tem no seu cardápio, a partir das 14 horas, deliciosos cafés, comidinhas e cervejas, em ambiente de agradável, com nuances de arte, boêmia e vista inigualável e panorâmica da Baía de Todos os Santos.
Mas uma casarão construído no século XVII não fica atrás em atrativos, onde funciona o restaurante Maria Mata Mouro, situado na Rua da Ordem Terceira, no Pelourinho. No seu interior, paredes construídas de taipa de pilão, técnica empregada na construção dos primeiros muros de defesa de Salvador, em 1549. E sabores inigualáveis, através da cozinha preparada com o melhor dos ingredientes. E isso tudo em dois ambientes. O primeiro é intimista e climatizado, e o outro ao ar livre, com um pequeno jardim com fonte d´água e música ambiente.
* Pedra cabeça de negro – Eram as pedras, de forma oval, trazidas nos lastros dos navios no Brasil colonial. Eram usadas como lastro (contrapeso) nos navios. Serviam também para calçar ruas. Por serem descarregadas por escravos, que a transportavam na cabeça foram chamadas de “cabeça de negro”.
* Oratório da Cruz do Pascoal – O monumento fica na confluência das ruas do Carmo, Rua Direita do Santo Antônio e Rua dos Marchantes. Foi erguido em 1743 por Pascoal Marques de Almeida, um morador do local, natural de Lisboa, que deu o seu testemunho de devoção em Nossa Senhora do Pilar. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 17 de junho de 1938.