Calma que essa pandemia já, já vai embora e você vai poder vir matar a saudade ou conhecer a terrinha. Ao desembarcar em Salvador o turista enfrenta um agradável dilema: o que fazer nessa terra tão rica em destinos, diversão e cultura. Baianas tipicamente trajadas costumam receber quem aqui chega com fitinhas do Senhor do Bonfim. Dizem que é para dar sorte e se envolver na magia da terra e do seu povo, ritual que se repete, muitas vezes, na hora da partida, para que você que nos visita possa sempre retornar.
Malas no hotel e vem o desafio: por onde começar a curtir essa terra? Qual o melhor o roteiro. Se optar pela Baía de Todos os Santos, a melhor opção é um passeio pelas principais ilhas, começando por Itaparica, distante apenas 14 quilômetros do continente, em travessia de catamarã ou ferry boat, ou mesmo por lanchas rápidas até a famosa Praia de Mar Grande.
Dali se chega facilmente a dezenas de praias paradisíacas como Cacha Prego, Ponta da Ilha, Berlinque, Gamboa, Barra do Gil. E ainda desfrutar da magia da água tida como milagrosa que escorre da Fonte da Bica e do local onde viveu o escritor João Ubaldo Ribeiro.
O passeio pela Baía de Todos os Santos pode te levar também à Ilha de Maré, nos limites leste da cidade, onde se pode degustar de saborosos frutos do mar na Praia de Itamoabo e Botelho, ou mesmo andar nas areias finas e alvas da Praia das Neves. E ainda conhecer as famosas Rendas de Bilro e o inigualável doce de banana cozido na palha, em Praia Grande e Santana de Maré.
À direita de Ilha de Maré, o paraíso, único no Brasil com a Bandeira Azul Internacional: a Praia de Nossa Senhora de Guadalupe, na Ilha dos Frades. Águas calmas e transparentes e uma riqueza histórica que remonta às primeiras povoações do Brasil Colônia. Para se chegar à Ilha dos Frades, basta agendar uma viagem de escuna no terminal Marítimo de Salvador.
Do outro lado da Baía de Todos os Santos, todos os caminhos levam ao Litoral do Baixo Sul, onde Valença, Morro de São Paulo, a Península de Maraú e com ela Morro Barra Grande e Itacaré reservam outras surpresas.
Em terra
Mas a Bahia é cheia de magia. E essa magia também está em terra. Salvador tem um roteiro intenso de manifestações culturais, musicais, artísticas e folclóricas. As manhãs de sábado, até o entardecer, normalmente são de muito samba no Mercado Modelo, onde rodas de capoeira são apresentadas. Mas também tem muito agito, no Largo do Pelourinho. É subir o Elevador Lacerda e descobrir uma outra cidade.
A cidade pulsa ritmada pelos atabaques dos afoxés e tambores do Ilê e do Olodum, onde a negritude se expressa no gingado das danças e nos ensaios, cuja programação se consegue nos postos de atendimento ao turista. O Ilê tem sua Noite da Beleza Negra, no bairro negro do Curuzu,m mas do noutro lado da cidade, na praia imortalizada por Caymmi, Itapuã, o Malê de Balê também tem seu festival de pura beleza.
Terra sincrética, a Lavagem do Bonfim, logo na segunda quinta-feira de janeiro, arrasta multidão, de branco ou não, pelas ruas da Cidade Baixa, num percurso de 10 quilômetros até a Colina Sagrada, onde baianas, católicos e adeptos das religiões de matrizes africanas, se benzem e se banham com a água de cheiro e recebem as bênçãos de padres,m pais e mães de santas, do Senhor do Bonfim ou Oxalá, mostrando que a Bahia, e particularmente Salvador, a todos recebem de braços abertos.
E se nada disso for suficiente para convencer, relaxe co um bom sorvete do alto do Elevador Lacerda, tendo uma plena vista da Baía de Todos os Santos, a maior do Brasil e desfrute de um dos mais bonitos por do sol.
No retorno, quando receber novas fitinhas do Senhor do Bonfim, faça como ensinam as baianas. Dê três nós e faça um pedido. E com ele carregue o axé, a fé, a magia, de uma terra que é de todos.