O turista ou mesmo o morador de Salvador que se aventurar a andar pelas ruas do Pelourinho, vai ter à disposição um elenco de monumentos históricos em forma de velhos sobrados, acervos religiosos e de religiões de matrizes africanas e um vasto elenco gastronômico regionais e internacionais, que remonta às heranças do Brasil Colonial.
Para tanto é preciso, antes de tudo, disposição para subir e descer ladeiras e andar em ruas calçadas com pedras “cabeça de nego”, que são pedras, de forma oval, que foram trazidas nos lastros dos navios no Brasil colonial, e carregadas na cabeça dos escravos (daí o seu nome) para serem usadas para servir de calçamento. E nesse andar é possível identificar minúcias que só são percebidas com um olhar mais atento às peculiaridades que estão em todos os cantos e recantos do Pelourinho.
O espaço entre o Terreiro de Jesus até o início da Ladeira do Carmo é sincrético por si só. Ali podem ser vistas manifestações religiosas das cinco igrejas católicas, ao lado da sede histórica da Federação Espírita do Estado da Bahia, acompanhadas de rodas de capoeira, ou o batuque africano dos tambores do Olodum e o trançar de cabelos no estilo rastafári, feitos nas esquinas por mãos hábeis de mulheres. Mas também pode-se comer uma típica moqueca baiana, com azeite de dendê e pimenta, um acarajé, e até mesmo pratos da cozinha francesa.
O olhar religioso – A porta de entrada do Pelourinho é o Largo do Terreiro de Jesus. Nesse pequeno quadrado, além da Catedral Basílica, estão as igrejas e o Convento do São Francisco, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, a Igreja da Ordem Terceira de São Domingos e a Igreja de São Pedro dos Clérigos. Aí também está a Federação Espírita da Bahia.
Ao descer a Ladeira do Pelourinho, em direção às Portas do Carmo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída em 1709, é um daqueles lugares religiosos que cabe pessoas de quaisquer crenças. Isso porque a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, criada em 1685 e elevada à categoria de Ordem Terceira em 2 de julho de 1899, é uma associação religiosa de pessoas católicas de ambos os sexos, e de cor negra. É uma irmandade católica apostólica romana de cunho africano, que mantém suas características de território africano na diáspora.
Por isso mesmo esta é uma daquelas igrejas de Salvador que a vale a pena visitar com m ais apuro, mesmo para quem não é da religião católica. O diferencial é que as liturgias dos cultos é acompanhada pelo uso de músicas dos terreiros de Candomblé, ao som de atabaques. Nesta igreja, é celebrada toda terça-feira uma missa católica que incorporou alguns dos elementos da cultura africana, como as cantorias e danças.
Pinturas, trançados e gastronomia – Comum é andar nas ruas do Pelourinho e encontrar, nas esquinas, trançadeiras, que são aquelas mulheres que transformam o cabelo liso ou encaracolados, em trançados, bem no estilo “rastafári”. É uma característica que espelha bem o caráter afrobaiano e adas tradições culturais presentes em Salvador.
Nas ruas, ladeiras e becos do Pelourinho é normal também se deparar com artistas plásticos, que transformam os casarios coloniais em belas telas de pintura, nos mais variados tamanhos. Essas obras são confeccionadas nas calçadas, e expostas na maioria das lojas de souvenires.
No mesmo trajeto das caminhadas pelo Pelourinho, o cheiro da gastronomia baiana é marcante, misturados a outros aromas, muitos dos quais internacionais, que se fazem presentes nos bares e restaurantes da região. Os locais são os mais diversos, como o Restaurante Escola do Senac (Serviço Nacional do Comércio), que oferece um menu diário de 16 pratos, dos quais nove são da culinária. Mas há espaços para sorvetes, cafés, bistrôs, e locais temáticos.