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A igreja visitada por três santos: João Paulo II, Madre Tereza de Calcutá e Irmã Dulce

Publicado em: 15/09/2023
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Em 1939 surgia a comunidade de Alagados, um conjunto de casas sobre as águas (palafitas), entre o bairro do Lobato e o atual bairro do Uruguai, entre a Enseada dos Tainheiros e o Subúrbio Ferroviário. Foi ali que Irmã Dulce, agora transformada em Santa Dulce dos Pobres, começou o seu trabalho assistencial aos mais pobres. Sem nem imaginar o futuro que estava reservado ao lugar, ali começava o trabalho que mais tarde fez surgir a Igreja de Nossa Senhora dos Alagados.

A construção data de 1980, e foi erguida para a primeira visita ao Brasil do então Papa João Paulo II, um dos mais famosos e carismáticos pontífices da Igreja Católica. Ele queria visitar os mais pobres dentre os pobres. O Cardeal Dom Avelar, então arcebispo de Salvador, escolheu Alagados para acolher o Papa, o que marcou para sempre a vida das pessoas dessa comunidade. Em 2014, com a canonização de São João Paulo II, a igreja passou a se chamar Paróquia Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II. Essa é a primeira igreja do mundo dedicada ao Santo.

Madre Teresa esteve em Alagados, em sua primeira visita à Bahia, em 1979, sendo recebida por Irmã Dulce, que realizava trabalhos assistenciais no local. Este local é considerado Terra Santa, por causa de todos os santos que ali pisaram, por todos aqueles que ainda pisam e por aqueles que resistem aos elementos de violência e pobreza que ainda compõe a realidade local.

A Paróquia de Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II é o único lugar onde se podem encontrar relicários de primeiro grau de 3 santos: Papa João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce, além de conhecer os trabalhos da base comunitária.

Alguns projetos destacam-se pela necessidade da assistência imediata: distribuição de 200 litros de sopa quinzenalmente, preparado por paroquianos; acolhimento, acompanhamento e ajuda a jovens grávidas no Sonho de Mãe.

– A Igreja de Nossa Senhora de Alagados e Santo João Paulo II foi construída em apenas três meses, sob a coordenação direta do arquiteto João Filgueiras Lima, o “Lelé”. O templo tem 400 m² e apresenta características modernas com fachada em tijolos expostos, embora em seu interior os 4 arcos e 3 abóbadas evoquem a arquitetura das igrejas antigas.

– O corpo central da Matriz é formado de um cubo de 12 m de comprimento por 12 m de largura por 12 m de altura. Estas características evocam diretamente o livro do Apocalipse, onde São João relata que viu “descer do céu, de junto de Deus, a Jerusalém nova. A cidade é quadrada: o comprimento é igual à largura. O Anjo mediu a cidade com a vara: 12 mil estádios. O comprimento, largura e altura são iguais”.

– O teto é formado por 144 formas, o que corresponde aos 144 mil servos do Senhor, resgatados pelo sangue do Cordeiro. Este número simboliza a multidão dos santos que cantam a glória de Deus nos céus.

A Igreja é uma referência ao bairro de Novos Alagados. Pinturas da artista belga Sabine de Coune decoram a parte interna da igreja, com representações do evangelho, com referências do lugar como as palafitas, os jarros de barro e passagens ocorridas no bairro. A imagem de Nª Sª dos Alagados, do artista Manoel Dantas, feita para ocasião, foi inspirado nas mulheres dos Alagados que costumavam carregar seus filhos do lado e balde de água na cabeça.

Península de Itapagipe

A Península de Itapagipe foi o polo industrial de Salvador nas décadas de 1930 e 1940. A possibilidade de emprego atraiu a população de baixa renda vinda do interior do estado. Sem lugar para morar, essas pessoas colocavam estacas sobre a lama do mangue da enseada dos Tainheiros, construindo barracos chamados de palafitas.
A partir de 1960, acelerou-se o processo de aterro e as palafitas foram gradativamente substituídas por casas de tijolos, construídas em mutirão pelos próprios moradores. Foi nesse lugar de extrema pobreza onde Irmã Dulce, conhecida como “Anjo Bom da Bahia” e “Anjo Azul dos Alagados”, começou seu trabalho.

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